Coleções
Temáticas na TELECARTOFILIA
A maneira mais moderna
e mais cultural de se colecionar selos, é fazer
uma coleção temática. A Filatelia
tem 160 anos (a Inglaterra emitiu o primeiro selo em 1840). Já
passou por fases gloriosas e outras nem tanto! A evolução
nas últimas décadas foi notável.
Das coleções de "quadras" e de "um
selo atrás do outro", a Filatelia passou a expor
coleções de Aerofilatelia, História Postal,
Inteiros Postais, Temática, Carimbologia, Maximafilia,
etc.
Nas grandes Exposições Filatélicas, já
passa de 50% as participações temáticas.
Comemorando o Jubileu de Prata do aparecimento do primeiro Cartão
Telefônico emitido pela Itália em 1976, muitos
estudiosos já cogitam sobre a realização
de Exposições de Telecartofilia. Ainda não
temos grandes exposições de CT no Brasil. Mas quando
forem realizadas, certamente as coleções temáticas
terão grande aceitação. Caso contrário,
as coleções seriam muito repetitivas..., o que
as tornaria pouco atraentes. Daí o entusiasmo do Centro
Temático de Campinas em divulgar a maneira temática
de colecionar Cartões Telefônicos. Muitos ensinamentos
da Filatelia serão aproveitados para estabelecer as bases
da Telecartofilia Brasileira, aliás, como ocorre no mundo
todo.
A primeira Exposição de Cartões Telefônicos
no Brasil, foi realizada em Campinas, em novembro de 1992, comemorando
os 15 anos do CPqD. Foi logo após o aparecimento dos primeiros
Cartões Telefônicos do país. Não foi
competitiva, mas já mostrou as possibilidades do novo
tipo de colecionamento: a Telecartofilia.
CONCEITO
Ao contrário das coleções comuns, em que
se coleciona os CT na seqüência cronológica
de suas emissões, na coleção temática
não importa a data ou o lugar onde ele apareceu. Vale
a relação entre a figura do CT e o assunto desenvolvido
na coleção. O desenvolvimento do tema sim, deve
ter uma seqüência lógica, como se o colecionador
fosse escrever um livro, defender uma tese ou dar uma aula sobre
o assunto escolhido. . .
As figuras dos CT vão ilustrar as afirmações
contidas no texto. O valor da coleção é
contado pelo plano da coleção, pelas informações
transmitidas no texto, pela conservação e raridade
das peças expostas, pelo visual do conjunto, etc.
Quem começou, a partir de 1992, a colecionar TODOS os
CT do Brasil, logo foi perdendo o entusiasmo, pois as emissões
foram aumentando de tal forma que mais ou menos 80% dos iniciantes
desistiram.
O Brasil já tem hoje, mais de 12.000 CT. É um absurdo
querer-se comprar TODOS os CT do Brasil, só para dizer
que os possui... Parece-nos muito mais lógico e prudente,
fazer-se uma coleção temática sobre qualquer
assunto que apareça nos cartões brasileiros e mais
alguns estrangeiros. Menor o custo, maior a utilidade e muito
mais gratificante estudar com profundidade um determinado tema.
PRIMEIROS
PASSOS
Para
você fazer uma Coleção Temática, será
necessário passar, preliminarmente,
por três "es", a saber:
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Escolher o tema, nem sempre é muito simples.
Você pode escolher um tema relativo à sua profissão,
pois já entende do assunto... e vai aprender muito mais!
Ou fora da sua profissão, para que seja realmente laser,
isto é, desligar das obrigações diárias
e passar a se interessar por um assunto diferente e aprender!!!
Para qualquer tema que se sugerir, existe material suficiente
para desenvolver uma coleção. É só
"correr atrás"!
É aconselhável não escolher um tema muito
abrangente, como Esportes, Fauna, Meios de Transporte, mas restringir-se
à, por exemplo, Futebol, Macacos, Aviação.
Também não cair no exagero oposto, circunscrevendo
a coleção apenas a uma área para a qual
não exista material suficiente: Os futebolistas de Mato
Grosso, o Mico Leão ou os Aviões da Embraer. Dá
para perceber que o bom senso é que orienta a criatividade
do colecionador. <<
Estudar o tema é fundamental para o sucesso
de sua coleção. O fascinante na tarefa de fazer
uma coleção temática de CT, é justamente
o aprendizado cada vez mais profundo do tema escolhido. Quanto
maior o número de fontes de informações,
melhor: livros, revistas, folhetos, recortes de jornais, conversas,
palestras, televisão, internet, etc. O colecionador deve
estabelecer um método para arquivar as informações
que for adquirindo, para facilitar o acesso, na hora que delas
precisar, principalmente ao comprar material para a coleção.
Determinados temas podem ser estudados com muita facilidade,
dada a imensa literatura existente (olimpíadas, aves,
ferrovias). Outros requerem uma busca mais trabalhosa e até
uma pesquisa pessoal às vezes cansativa, mas com certeza
gratificante. Tudo depende do enfoque que o colecionador pretende
dar ao desenvolvimento do tema escolhido. Daí resulta
a beleza da coleção temática: numa exposição,
pode-se ver quatro coleções sobre aves, por exemplo,
totalmente diferentes entre si. Dada a abundância de literatura
sobre o assunto e a fartura de material já existente,
cada uma delas vai apresentar uma diferente maneira de tratar
o assunto, apresentando material bem diversificado. <<
Escrever sobre o tema é um exercício muito prazeiroso.
À medida que a gente estuda, vai se tornando agradável
escrever sobre o que aprendeu. A capacidade de resumir deve ser
bem treinada. Pouco texto, para que as pessoas prestem mais atenção
aos CT, mas que aprenda algo mais com o texto apresentado. O
texto na coleção temática não deve
exceder, normalmente, a quatro linhas por folha. A distribuição
delas deve ser diferente em cada folha, para não ficar
monótona: duas linhas em cima e duas no meio; as quatro
em baixo; seis a sete linhas na metade da largura da folha; somente
duas ou tres linhas em algumas folhas e assim por diante, tornando
a apresentação bem variada e agradável aos
olhos. <<
Decidir o título é um ponto muito importante. Não
deve ser muito abrangente e nem específico demais. Mas,
deve ter tudo a ver com desenvolvimento do tema. É de
fundamental importância a coerência entre o título
da coleção e dos capítulos com texto explicativo
do tema.
Exemplos
de coleções filatélicas temáticas
conhecidas:
A luz e as trevas - Sobre Oftalmologia (Cegueira)
Anatomia
do sorriso
- Sobre Odontologia
Rios prisioneiros,
energia em liberdade - Barragens
O Continente
das Aves
- Aves da
América do Sul
O pulsar
da vida
- Sobre Cardiologia
Rotary,
um ideal em marcha - Rotary
International
Transporte
vertical
- Helicópteros |
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PARA EXPOR
Introdução é uma pequena
explicação inicial do que se pretende com a coleção.
A Introdução e o roteiro podem vir numa página
só ou nas duas primeiras páginas da coleção.
Uma ou duas peças "de peso" devem estar presentes
na folha de introdução. Também o nome e
o endereço (postal e/ou eletrônico) do colecionador
deve constar. Isto pode facilitar futuros contatos entre o expositor
e algum visitante.
Roteiro
ou Plano da Coleção é muito mais que um simples índice.
Nele se explicita a divisão da dissertação
que vai ser feita sobre o tema escolhido. Uma divisão
didática do assunto é aconselhável, para
facilitar o entendimento. Assim como a divisão proporcional
entre os diversos capítulos: não deixar um capítulo
com 25 páginas e outro com 4... O plano da coleção
deve impressionar bem aos visitantes e principalmente aos que
vão julgar a participação. Por isto deve
ser elaborado com muito capricho, ter relação com
o título e abranger claramente todos os aspectos do tema
a ser apresentado. Para a participação em uma exposição,
é fundamental um plano da coleção muito
bem feito.
Por apresentação, se entende o visual
geral da coleção. Uma apresentação
limpa, organizada, esteticamente distribuída, impressiona
de início aos julgadores da Exposição. O
impacto inicial pode causar um "amor à primeira vista"
ao jurado e é uma boa chance de obter melhores pontuações.
O contrário, uma apresentação descuidada
ou mal feita, dá uma primeira impressão negativa,
provocando o corte de muitos pontos.
A aquisição
do material
para a coleção temática, é um detalhe
que deve ser transformado em exercício de habilidade,
paciência e negociação. Saber comprar é
importante, mas saber esperar também. Para ilustrar determinada
frase, é necessário, às vezes, esperar meses
até ser encontrado o CT certo. Fazer trocas também
ajuda muito na consecução de determinadas peças.
É preciso procurá-las nas Teles, com os comerciantes,
com outros colecionadores, etc.
O estímulo à troca de correspondência é
outra conseqüência agradável do colecionismo.
Ler numa revista que um colecionador da Paraiba tem certos cartões
que seriam úteis à minha coleção,
é uma tentação para entrar em contato com
ele. E por que não ? Para isto existem: correio, telefone,
fax, internet ...
Observações:
a) Os procedimentos que comentamos não precisam ser realizados
obrigatoriamente na ordem como foram expostos! Você talvez
já tenha um bom material; então é só
decidir o título e organizar a sua coleção
temática, a partir do Plano da Coleção.
Se você já tiver decidido pelo título, deve
partir para a aquisição do material e assim por
diante. Mas estudar o tema, você nunca pode abdicar. Pois
a coleção temática é sempre dinâmica:
Você estará sempre estudando, adquirindo peças
e acrescentando à sua coleção, melhorando-a
constantemente. Na coleção temática, não
se usa aquela expressão antiga: "Fechei a coleção!"
Por isto é que uma coleção temática
pode "fazer carreira" nas exposições:
tirou uma medalha de bronze? Melhore a sua coleção.
Na próxima, poderá receber uma medalha de prata!
b) Uma observação importante é que: nenhum
outro material pode ser incluido no corpo da coleção,
como fotos, cartões postais, recortes de jornais, etc.,
mesmo que muito útil para esclarecer detalhes do tema
desenvolvido. Até desenhos e enfeites gráficos,
devem ser evitados: pequenos desenhos, logotipos, mapas, etc.
CONHECIMENTOS
Todo
o texto apresentado deve demonstrar os conhecimentos do colecionador
sobre o tema escolhido. Quanto mais informações
contiver, mais pontos ganhará na classificação
para a premiação. Todavia, sem ser prolixo: resumir
é uma arte!
Na Filatelia, o colecionador deve demonstrar mais que os seus
conhecimentos sobre o tema, também os seus conhecimentos
filatélicos, isto é, conhecer os tipos de peças
existentes, além dos selos, como: carimbos, inteiros postais,
franquias mecânicas, pré-filatélicos, máximos
postais, etc.
Na Telecartofilia cabe a mesma exigência: o colecionador
deve demonstrar que conhece, além do tema que apresenta,
também algo mais sobre Telecartofillia, como uma variedade,
um cartão experimental, um folder, um cartão magnético,
outro com chip, e por aí afora.
É claro que, na avaliação entre várias
coleções, o colecionador que demonstrar mais conhecimentos
e colocar material mais variado, terá mais pontos. Estes
conhecimentos ficam evidentes através das "cotações",
isto é, pequenas observações colocadas abaixo
das peças (em letras menores), esclarecendo ser, por exemplo,
um cartão para teste, uma variedade de cor, um verso invertido,
uma impressão deslocada, etc.
MONTAGEM DA
COLEÇÃO
A montagem é a fase final,
mas não é definitiva, pois uma coleção
temática é sempre dinâmica. Sempre que se
conseguir mais material adequado, poder-se-á acrescentá-lo
à coleção.
Na primeira página, deve constar (com letras grandes)
o título da coleção para que o visitante
saiba do que se trata.
Em seguida deve haver um texto de introdução da
coleção. Aí se justifica o título
e se esclarece a finalidade da coleção: o que ela
vai mostrar e a que conclusão pretende chegar.
Nesta página, uma peça muito boa ou rara, ligada
ao título e bem conservada deve ser incluída, para
dar uma boa primeira impressão. No final desta página
e em letras menores, o nome do expositor, acompanhado do seu
endereço postal, telefônico ou eletrônico(ou
os três). É uma oportunidade para futuros contatos.
A estética deve ser a primeira
preocupação do futuro expositor. Um visual agradável
destaca a coleção. A posição dos
cartões na folha deve variar, intercalando CT verticais
com os horizontais e não separando só CT verticais
numa folha e só horizontais em outra.
A distribuição
do texto,
também é muito importante: quatro linhas seguidas,
ou duas na parte superior e duas em baixo, ou todas no meio da
folha, ou sete oito linhas num quadrante da folha. Tudo feito
com a maior preocupação de ordem e estética.
A fixação
dos CT
na folha deve ser feita através de um saquinho plástico,
de preferência com uma moldura negra, conseguida através
de uma folha de papel preto colocado atrás do CT, e este
dentro do saquinho plástico transparente que o contem.
Jamais grudar o próprio CT na folha!
CONCLUSÃO é a última
página, que pode ter um texto maior, onde se analisa o
objetivo da coleção: foi conseguido ou não.
São as últimas considerações sobre
o tema escolhido e desenvolvido na coleção. Mas
deve contar com pelo menos uma peça, de preferência
uma peça importante, de grande peso temático, para
fechar "com chave de ouro" a coleção.
ACABAMENTO
Uma
vez montada a coleção, cada folha deverá
ser protegida por um saco plástico na medida já
enunciada: 28cm de altura por 22cm de largura. Se o saco tiver
maior altura, poderá ser dobrado para trás, afim
de ser encaixado no quadro expositor. Uma folha de papel sulfite
60 ou 80kg, pode ser incluída para dar maior consistência
ao conjunto de cada folha, facilitando o seu manuseio durante
a montagem e desmontagem da exposição.
É obrigatória a numeração, para que
sejam expostas na seqüência correta. Esta numeração
deve ser bem visível no verso de cada folha, de preferência
num dos cantos inferiores.
Afim de se evitar a perda de alguma folha que por acaso caia
e se distancie do conjunto da coleção, aconselha-se
imprimir o nome e endereço do colecionador no verso de
cada uma delas.
Seguindo a orientação adequada, sua coleção
será bem apresentada e terá muitas chances de merecer
uma boa medalha, mas um pouco de humildade faz muito bem a qualquer
expositor! Não espere uma medalha de ouro na primeira
vez que participar de uma exposição. Observe à
sua volta, quantos colecionadores se animaram a expor a própria
coleção. Lembre-se dos ideais olímpicos:
Competir já é uma vitória. E é competindo
que vamos engrandecer a Telecartofilia Brasileira !
Vamos montar as nossas coleções temáticas
?
Definições
e Diferenças
Definições: a coleção
por assunto é praticamente um "ajuntamento"
de CT sobre o mesmo assunto. Geralmente é o embrião
de uma futura coleção temática.
A coleção temática exige um título
e um plano da coleção que seja coerente e abrangente.
O desenvolvimento da coleção temática deve
ter uma seqüência lógica e uma conclusão.
Deve conter CT que demonstrem os conhecimentos do colecionador
sobre o tema desenvolvido e sobre Telecartofilia.
A coleção de estudos ou de pesquisa, conta
a história de um Sistema de Telefonia Pública:
Óptico, Magnético, Chip ou Indutivo. Deve incluir
peças que não são propriamente CT, para
valorizar a pesquisa.
Diferenças: Entre as duas primeiras,
a diferença é que, na Temática, é
imprescindível o texto e o Plano da Coleção,
que deve ser coerente com o título.
Entre a Temática e a de Estudos é que:
na Temática, você escreve e depois acha o CT para
ilustrar o texto.
na de Estudos você acha a peça, pesquisa-a e depois
escreve sobre ela. |
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DICAS
Em cada setor, Você pode determinar um tema para concentrar
os seus estudos.
>> Fauna - Zoologia, Aves, Macacos, Cães, Gatos,
Cavalos e muitos outros.
>> Flora - Botânica, Rosas, Orquídeas, Praças
famosas, Grandes jardins, etc.
>> Transportes - Aéreo: Aviões, Helicópteros,Passageiros,
Aeroportos, etc. Terrestre: Ferroviário, Rodoviário,
c/Cachoros, c/Burros, etc. - Marítimo : Curta distância
= canoas, balsas, botes, ferry boat, etc. Longa distância
= caravelas, navios, chatas, etc.
>> Esportes - Estádios, Olimpíadas, profissionais,
clubes, regras, etc. Cada um em particular: Futebol, Basquete,
Atletismo, etc.
>> Brasil - História, Geografia física (Rios,
Montanhas, Praias), Economia, Agricultura, Cidades, Etnias, Comidas
típicas, Vultos célebres, e muito mais
Cada
Estado do Brasil pode ser tema para uma linda coleção,usando
CT do próprio, de outros Estados e até mesmo estrangeiros. |
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Lembrete: Uma coleção
temática sobre cavalos, por exemplo, não mostra
apenas CT com estampas destes animais, como numa coleção
por assunto. Esta temática deve ter figuras de grandes
veterinários, haras, hipódromos, jóqueis,
troféus,etc. |
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José
Marques Barboza é nosso colaborador, telecartofilista
e filatelista. É atualmente Presidente do CTC (Centro
Temático Campinas)
e-mail: jmbarboza@aleph.com.br |
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