É dificil que o tempo passe sem deixar marcas. Isto
também conta para os metais que, naturalmente, podem sofrer
vários e repetidos processos químicos capazes de
modificar seu aspecto e sua cor. O caso mais frequente destas
variações chama-se oxidação, e consiste
num processo através do qual o metal absorve oxigênio
e liberta hidrogênio (tecnicamente, diz- se que são
extraídos elétrons dos átomos de um elemento).
É obvio que os diversos materiais reagem a este processo
de maneira própria e característica: a platina
não se oxida, embora possa ser atacada num estrato delgadíssimo
imperceptível a olho nu. Também o ouro não
forma uma pátina visivel (no máximo, pode adquirir
uma peculiar variação na cor se permanecer longo
tempo numa solução salina, como a água do
mar). O ferro é muito sensivel à influência
da umidade que, em presença de oxigênio, provoca
a formação de ferrugem no metal subjacente. Com
efeito, as moedas atacadas por este agente também ficam
muito danificadas. Porém, há metais nos quais o
fenômeno é mais notável e significativo.
O cobre é certamente o metal que, utilizado para moedas,
experimenta mais variações, em geral bem visíveis
e denotando a ação de diversos fatores. Passadas
apenas algumas semanas de circulação, uma peça
de cobre se escurece com facilidade, devido a umidade, ao anidrido
carbônico e ao oxigênio. Outra característica
peculiar do cobre (ou de suas ligas) é a formação
de verdete, que se produz com relativa rapidez, no transcurso
de poucos anos, devido a diversos fatores entre os quais a sujeira
que se deposita na superficie e se aloja nos interstíscios
da gravura da moeda. O verdete forma-se também na água,
embora para isso requeira mais tempo.
O aspecto mais relevante entre as variações
químicas do bronze é a formação da
pátina; esta é o resultado final de diversas influências
extemas (sujeira, incrustações de areia, ferrugem),
e forma-se em caráter definitivo à passagem de
muitos anos, quando não de séculos. Precisamente
por essa lentidão, a pátina determina com boa margem
de segurança a autenticidade da
moeda; daí porque deve evitar-se ao máximo limpá-la;
além disto, a pátina torna-se uma barreira natural
a outras alterações que podem danificar o exemplar.
Naturalmente, os falsificadores já tentaram muitas vezes
criar a pátina de maneira artificial, mediante cores à
oleo, lacas e vernizes, mas sempre sem os resultados produzidos
pela a natureza. De nada serve também
tentar obtê-la por meios naturais (por exemplo, enterrando
as moedas durante um tempo), pois o revestimento que se obtém
apresenta um aspecto macio, argiloso ou semelhante ao sal, o
que não é proprio da verdadeira pátina.
Se o tempo é o artífice principal da pátina,
são vários os agentes que determinam suas interessantes
e fascinantes variações de cores. A pátina
verde é o resultado da interação entre sujeira
e umidade, e sal dissolvido em gotinhas de água de neblina
ou do mar. Além disto, forma-se nos metais já atacados
pelo verdete. Os componentes orgânicos do terreno provocam
uma pátina vermelha (que na verdade compreende uma amplíssima
variedade de cores que vão do rosa ao vermelho e ao violeta),
enquanto a pátina verde e a pátina vermelha juntas
podem determinar a chamada pátina marrom (tons de marrom
claro tendentes a vermelho podendo chegar ao preto). Os numismatas
apreciam muito a pátina, tanto do ponto de vista estético,
quanto comercial.
Uma bela coloração pode significar notaveis
variações de preços e o valor será
tanto maior, quanto mais nítidos e conservados estiverem
os tipos do cunho. Por exemplo, a pátina negra tende a
ser espessa e, portanto, a danificar a imagem da moeda, enquanto
a chamada pátina fumo, devido a proximidade de um vulcão,
acentua os relevos e, portanto, além de extremamente rara,
é muito procurada e seu preço é elevado).
Nas moedas romanas encontram-se os exemplos mais interessantes
da pátina sobre bronze, pois a fascinação
cromática desta pátina se une à natural
beleza das peças. Para que a pátina possa elevar
o preço de uma peça, é importante que não
esteja distribuída em manchas ou de maneira irregular,
pois aqui impõe-se também a regra geral de jamais
tentar retirar este véu. O bronze sofre oxidações
em casos de incêndio; vejam-se os assédios de séculoss
passados, cujo epílogo mais comum eram os incêndios.
A partir da cor denotada por estas moedas, podem ser reconstruídos
interessantes detalhes que, de outro modo, dificilmente estaríamos
em condições de conhecer: Se o cobre adquiriu uma
coloração vermelha alaranjada, significa que o
incêndio se produziu em presença de um pouco de
oxigênio, e que o material se esfriou bruscamente com água;
entretanto, se a pátina é negra, significa que
o fogo se encontrava nas proximidades do local onde ocorre a
descoberta.
A prata também experimenta variações
de cores; de fato, com o tempo, tende a escurecer. Os motivos
são multiplos e inclusive triviais, como seja a intervencao
de alguns agentes presentes na atmosfera (hidrogênio sulfurado)
ou de enxofre presente no suor das mãos e no couro de
bolsas e porta-moedas. Se a moeda de prata estiver enterrada,
pode entrar em contato com substâncias que a colorem de
forma natural. A pátina de prata pode adquirir diversos
matizes: Do amarelo ao cinza, do marrom a um belíssimo
violeta. Também neste caso, tentar limpá-la é
inutil, pois em muitos casos a mesma pátina tenderá
a formar-se de novo. Todavia, muitas vezes são justamente
as tonalidades da pátina que fazem aumentar o valor numismático
das moedas de prata.
Algumas mudanças de cor devem-se a ações
químicas artificiais. Vejam-se as variações
provocadas nas moedas por soldaduras (por exemplo, ao montar-se
um colar) ou os danos provocados por limpezas inadequadas, sobretudo
se
efetuadas com ácidos. Existem, por último, "doenças"
que atacam os metais, modificando seu aspecto. Por exemplo, a
"peste do bronze", que se manifesta em forma de inflorescências
e manchas; umas e outras destroem pouco a pouco todo o metal,
que se transforma num polvilho de cor branca esverdeada. Como
em geral este fenômeno se dá nas moedas procedentes
de escavações e que depois são expostas
nos museus, fala-se também de "doença de museu".
O enterramento muitas vezes bloqueia os processos degenerativos;
contudo, regressadas à superficie e submetidas à
ação dos agentes atmosféricos, o
processo destrutivo se reinicia.
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